30.9.09

Aonde não ir em SP

Boteco São Bento (o pior bar do sistema solar) (reblog) | Bender 2.0: "Depois da Faixa de Gaza e do Acre, este é o pior lugar do mundo para você ir com os amigos. Caro, petiscos sem graça e, principalmente, garçons ultra-power-mega chatos: você toma dois dedos do seu chopp, quente e azedo que nem xoxota nos tempos dos vikings, eles já colocam outro na mesa. E se você recusa, eles ainda ficam putos. Só tulipadas diárias no rabo para justificar tamanha simpatia no atendimento.

* Fui no da Vila Madalena. Dizem que o do Itaim é ainda pior.
* Para dicas de botecos que valem a pena, leia outras resenhas aqui
* Siga o Resenha pelo Twitter antes que eu bote outro link na mesa."

Mas isso não é o pior!!!

Boteco São Bento (o pior bar do sistema solar) | Contraditorium: "O resultado foi o dono do bar aparecer nos comentários atacando no melhor estilo baixaria os donos do blog, coisas do nível “Felizmente não precisamos de clientes do seu perfil” pra baixo.

Como essa estratégia não foi bem-recebida pelos leitores, o próximo passo foi soltar uma notificação extra-judicial, basicamente ameaçando de processo o blog, caso não retire em 24 horas o post.

Pois bem; acho que advogados também merecem ganhar seu dinheiro, então sugiro que a advogada do Boteco São Bento tenha bastante trabalho. Minha proposta: TODOS, digo TODOS os blogs devem publicar o MESMO post. Assim ela terá que enviar notificação para TODO MUNDO. Ou fechar a Internet."

Pra quem, como eu, gosta de análises pragmáticas, leiam A influência das Redes Sociais nos negócios - Episódio Boteco São Bento.

Pra quem quer rir com os comentários, tem a seleção do Bender (1º post citado):


Caro, Raphael Quatrocci …
Não entendi tamanha revolta e depreciação em relação ao nosso estabelecimento.
Como um bar com a dimensão do São Bento pode ser diminuído dessa forma?

Estamos tomando as devidas providências em relação a esse blog.
Jonas Steinmayer. ADM. Boteco São Bento .
Este é o autor do blog.

Raphael Quatrocci disse…

Claro que é o mais vendido. Afinal, vocês botam outro chopp na mesa logo após o cliente terminar de beber só a espuma do anterior.
Você deveria refletir sobre a péssima maneira de atendimento adotada pelo bar, obrigando os garçons a forçar a barrar e encher o saco do cliente. Domingo só fui ao seu bar porque um amigo que nem é da cidade foi pra lá e me ligou. Jamais iria de livre e espontânea vontade.
E o que aconteceu? O mesmo de sempre: discussão com garçom, chopp mal tirado e quente e um estresse insuportável. Fiquei revoltado.
Felizmente eu sou muito bem informado e, se você procurar neste blog, raramente critico algum estabelecimento.
O seu bar realmente não é para o meu perfil. Aliás, é bom que existam bares que nem o São Bento. Assim, idiotas que não se importam em serem maltratados continuam se aglomerando lá, sobrando mais mesas nos bons e verdadeiros botecos da cidade, como o Bar do Giba, Genésio, Pirajá, Botequim do Hugo, Bar do Elídio, Mercearia São Pedro, entre outros.
Fico feliz que essa crítica tenha chegado até você. Ao invés de se sentir injustiçado, seja sensato.
Tem toda a razão, felizmente e infelizmente ao mesmo tempo.
Jonas Steinmayer disse…
Obrigado pela divulgação gratuita. Com certeza não vai mudar em nada a frequencia no estabelecimento.
Sensatez, finalmente.
Leo disse…
Raphael, preciso concordar com os comentários do Jonas e da Julia.
É um absurdo você reclamar de um atendimento ruim. Como assim você ousa usar a internet pra expressar sua opinião? E o pior: sem pedir autorização para os donos do bar! Assim, eles vão ter que tomar as atitudes cabíveis pra você não divulgar suas impressões sobre um bar com a envergadura moral e, porque não dizer, gustativa, etílica e cívica do São Bento.
Por fim, preciso dizer que estou muito decepcionado com essa sua postura semi-anárquica. Feio. Antes, eu tinha você como referência, hoje vejo que é só um moleque que caga pelo teclado. Mais que isso, além de inépto não pude deixar de perceber que é néscio, estulto e parvo.
Deus tenha piedade dos seus pais e de todos nós. E complemento: seu destino, além de sombrio, é azedo e aguado.
Opa, prova dos nove etílica?

Daniele Fatima disse…

Nunca fui a esse bar e pela crítica feita aqui eu poderia até ter vontade de ir lá conferir se é isso mesmo ou se o Raphael exagerou. Porém, a reação do proprietário foi tão patética que me fez perder qualquer vontade de “tirar a prova dos 9″. Não à censura!
Blá, blá, blá. Nunca estive lá, não posso dizer se concordo ou não.
Diego Lima disse…
Já estive no bar e tb não gostei. Na unidade do Itaim, um amigo meu levou nada menos que uma coronhada com anuência e conivência do segurança, com quem o agressor batia amistoso papo antes da agressão.
O chopp do São Bento é quente mesmo, o bar é caro mesmo e o serviço é ruim mesmo.
E tem mais: ameaça anônima é brincadeira. Não volto a nenhuma das unidades.
Este aqui tem razão, não necessariamente os comentários são verdadeiros e o vídeo não tem absolutamente nada a ver com o resto.

Mauricio.Zabotto disse…

O bar é mesmo uma merda, mas os comentários são falsos, tá na cara…http://www.youtube.com/watch?v=xpcUxwpOQ_A&feature=related
Essa aqui é surpreendente, acharam um acreano nos comentários:

Caco disse…

Sou do Acre e achei os comentários ofensivos para com meu estado. No entanto, quedo estive em SP, fui ao Boteco São Bento e não gostei.

22.9.09

Igualdade na Saúde

Anteontem, no NYT, Gregory Mankiw escreveu um artigo sobre as dificuldades de um cobertura universal na saúde. Dada a excelência do artigo – e considerando que eu tinha defendido pontos similares na formatura da Nayara há umas 2 semanas –, traduzi-o integralmente. Sintam-se livre para comentar ;)

Economic View - Who Will Determine Who Pays for Equality in Health Care? - NYTimes.com: "TODA manhã eu tomo um comprimido branco que me faz ter reflexões filosóficas profundas sobre o sistema de saúde americano, o valor da vida e a relação entre Homem e Estado. Não, não é nenhum psicotrópico ilegal, remanescente dos anos 60 junto com minhas camisas hippies. Mas se você seguir meu raciocínio, aposto que este comprimido terá o mesmo efeito sobre você.

A pílula é uma estatina – um tipo de fármaco desenvolvido nas últimas décadas para baixar o colesterol de uma pessoa. Meu pai morreu de doença cardiovascular e infelizmente eu herdei sua predisposição genética, porém espero que a medicina moderna me ajude a evite seu destino. Assim, como milhões de homens de meia idade, eu tomo meu comprimido diariamente.

Eis a pergunta que me faço quando o comprimido passa pelos meus lábio: vale a pena?

Você pode estar tentado a dizer “claro que sim”. A maior parte das pessoas preferiria evitar uma morte prematura. Se as maravilhas da ciência moderna puderem adiar o inevitável, por que não?

E foi realmente assim que pensei sobre esta decisão quando meu médico recomendou o tratamento. Uma coisa que eu não considerei foi o preço. Como a maioria dos consumidores de tratamento médico, eu estava protegido das preocupações econômicas. Sabia que a companhia de seguros – e indiretamente todos os seus segurados – pagaria a maior parte da conta. Este arranjo, encorajado pelo sistema de imposto, garante que eu receba o benefício dos comprimidos enquanto pago pouco dos custos adicionais que eles geram.

Um otimista poderia esperar que meu médico, ou algum superior na hierarquia do sistema de saúde, fizesse um cálculo racional de custo-benefício em nome da sociedade. Para descobrir se meu tratamento faz sentido, seria necessário pesar o custo da droga contra o benefício de uma vida prolongada. E para tanto, alguém teria dar um valor em dólares para a minha vida – o tipo de cálculo que faz todo mundo exceto os economistas se arrepiar.

Há não muito tempo, li que um médico estimou o custo das estatinas em US$150.000 por ano de vida salva. Este número aproximado reflete não apenas os dólares gastos por pacientes e seguradoras no tratamento, mas também – e igualmente importante – uma estimativa da efetividade em prolongar a vida. (Este valor é para homens; mulheres têm um menor risco de doenças cardíacas.)

Essa estimativa é, na melhor das hipóteses, aproximada, mas certamente sugere que medicina preventiva nem sempre é barata. A magnitude do número também traz à tona a difíceis questões de filosofia política.

Imagine que seja inventada um comprimido ainda melhor do que aquele que eu tomo. Chamemos de pílula “Dorian Gray”, em homenagem ao personagem de Oscar Wilde. Todo dia em você tomar a Dorian Gray, você não morrerá, adoecerá ou mesmo envelhecerá. Garantia absoluta. O problema? O suprimento para um ano custa US$150.000.

Qualquer um capaz de bancar este novo tratamento pode viver para sempre. Certamente Bill Gates pode pagar. Mais provavelmente, milhares de americanos de alta renda despenderiam de bom grado US$150.000 ao ano pela imortalidade.

A maioria dos americanos, no entanto, não teria tanta sorte. Como os preços dessas novas pílulas é muito maior que a renda média, seria impossível fornecê-las para toda a população, mesmo se todos os recursos da economia fossem dedicados a produzir comprimidos Dorian Gray.

Eis a difícil questão: como devemos, enquanto sociedade, decidir quem ganha o benefício deste advento médico? Seremos comunistas do sistema de saúde e tentaremos proibir o Bill Gates de usar sua fortuna para viver mais do que um fumante inveterado? Ou aprenderemos a viver (e morrer) com vastas diferenças de efeitos na saúde? Há um meio termo?

Estas questões podem parecer coisa de ficção cientifica, mas não estão tão distantes daquelas vislumbradas no pano de fundo da discussão hodierna a respeito do tratamento de saúde. A despeito de toda a conversa sobre desperdício e abuso no nosso sistema de saúde (que sem dúvida existe em algum nível), o maior responsável pelos crescentes custos de tratamentos é o avanço na tecnologia médica. A profissão médica está sempre descobrindo novas formas de prolongar e melhorar a vida, e isto é bom, mas essas novas tecnologias não vêm barato. Para cada novo tratamento, temos de decidir se vale o preço e quem terá acesso a ele.

A defesa da cobertura universal de saúde baseia-se na atraente premissa de que todos devem ter acesso ao melhor tratamento médico possível quando quer que precisem. Esta simpática (gentil. nobre?) aspiração, todavia, choca-se com a dura realidade de que tratamento médico de ponta é cada vez mais caro. Em algum momento alguém no sistema tem de dizer que há coisas pelas quais não vamos pagar. A grande pergunta é: quem? O governo? Seguradoras? Ou os próprios consumidores? E a resposta tem necessariamente que ser a mesma para todos?

Desigualdade em recursos econômicos é uma característica natural, ainda que não de todo atraente em uma sociedade livre. Conforme a saúde aumenta sua participação na economia, não teremos escolha a não ser enfrentarmos questões de até onde devemos permitir que tal desigualdade se estenda e que restrições sobre nossa liberdade devemos tolerar em nome da justiça.

Ao final do nosso dia filosofando, porém, enfrentamos uma decisão prática:

Quem recebe as pílulas mágicas? E quem paga por elas?